Um importante componente de tranquilidade na rotina financeira é o planejamento financeiro pessoal, mas nem todas as pessoas o fazem. Este texto aborda as finanças pessoais e dificuldades que se tornam barreiras para a realização desse tipo de planejamento.
1. A história de uma pessoa endividada
Na fila do mercado
– Fila pequena hoje. Também, com os preços absurdos das coisas!
– É, não está fácil.
– Difícil até para dormir… só pensando em dívidas.
– …
– Não vá me dizer que você não tem dívidas a pagar?
– Só uma, de remédios. Mas são 4 parcelas que terminam este mês.
– Só isso? Eu tenho 3 dívidas: no cartão, com a financiadora e com o Banco! E todas com pelo menos 10 parcelas! Também, se a gente não fizer dívida, não tem nada.
– Bom, eu prefiro colocar o dinheiro numa aplicação, juntar o valor necessário e tentar comprar à vista com desconto. Com os remédios foi uma situação inesperada, não tinha o dinheiro disponível e precisava comprar. Mesmo assim, fiz as contas para ver como ficaria melhor para pagar parcelado. De resto, nem pensar em dívida. Sendo possível, eu planejo o que preciso comprar e vou guardando o dinheiro.
– Como você consegue guardar dinheiro? Para mim, entrou na conta, evaporou!
– Guardo do mesmo jeito que se separa o dinheiro da dívida. Só que, em vez de pagar parcelas com juros, eu deposito em aplicação para ganhar algum rendimento e juntar o necessário para comprar depois.
– Eu não tenho paciência para isso não. É muito complicado. Opa, minha vez! Até logo!
– Até. Boa sorte.
No caixa:
– Olá. Débito ou crédito?
– Crédito. Parcelado em 10 vezes.
2. Quais as dificuldades com o planejamento das finanças pessoais?
A história acima ilustra a dificuldade em lidar com o próprio dinheiro, no caso por desconhecimento sobre como fazer e por insegurança com o tema. Por não saber como se faz planejamento das finanças pessoais, pode-se pensar que seja algo muito complicado, difícil. Então parece que se torna “mais fácil” contrair uma dívida. Não é assim! Nem é tão complicado, mas requer algum esforço.
2.1. Outros exemplos de barreiras com as finanças pessoais:
Não consigo organizar informações sobre os ganhos e gastos
Não é anotado o gasto ou ganho, não é guardado o comprovante de pagamento ou recebimento, que acabam sendo esquecidos, impossibilitando o controle.
Não tenho o hábito de fazer planejamento e controle financeiro
Muitas pessoas até sabem como gerenciar seu dinheiro, mas devido à falta de hábito, acabam não fazendo. É uma questão comportamental, algo geralmente difícil de ser mudado, pois muitas vezes as pessoas acomodam-se a um padrão ao qual estão acostumadas.
Não tenho segurança para fazer o planejamento das finanças pessoais e não tenho quem me ajude
A pessoa gostaria de ter o controle das finanças pessoais, mas não sabe por onde começar, não sabe a quem recorrer e então não faz.
É chato
Situação típica, não? Para muitas pessoas, lidar com o dinheiro é bom só na hora de gastar. Então, planejar o que será gasto no mês e depois conferir o extrato bancário e os comprovantes de pagamento… não tem graça. Pode ser chato planejar o dinheiro para algumas pessoas, mas é melhor do que a chatice de dívidas que não terminam e crescem por causa de descontrole financeiro.
Dá muito trabalho
Sem dúvida a gestão do dinheiro requer algum tempo e esforço, mas com disciplina é possível fazer esse procedimento sem gastar tanto tempo. O processo vai se tornando mais fácil e tranquilo. Além disso, dá mais trabalho e custa mais caro se livrar de várias dívidas.
Tenho medo do que vou descobrir, melhor não saber
Algumas pessoas temem saber como está sua situação financeira e como vai ficar se nada fizer. Algo como fechar os olhos para não ver o problema. Não é agradável avaliar a própria situação financeira, principalmente se for ruim. Mas é melhor saber com antecedência e buscar soluções que possam minimizar ou resolver os problemas antes que eles cresçam.
Sinto mal-estar só de pensar em olhar minhas finanças
Algumas pessoas têm a chamada fobia financeira, uma síndrome ligada à dificuldade em lidar com as próprias finanças, levando a quadros de irritação, ansiedade, tontura, imobilização e sensação de estarem doentes. Nesses casos é recomendável a procura por profissionais da área de Psicologia ou profissionais da área de Finanças, que possam orientar e dar suporte.
Não preciso, sei tudo de cabeça
Algumas pessoas podem ter essa capacidade de organizar suas finanças pessoais mentalmente. Mas muitas, achando que podem fazer dessa forma, acabam perdendo o controle do dinheiro por não se lembrar de todos os gastos feitos.
Não acho importante
Sim, é importante saber onde e quanto você gasta, para avaliar se esse gasto realmente é bom e necessário a você, se não está prejudicando sua saúde financeira, física e mental.
Teria que rever meus gastos, diminuir as compras, mas eu gosto de comprar
Planejar e controlar o dinheiro não significa para de consumir e sim consumir de forma mais consciente, equilibrada, sustentável, regenerativa. Bom para a conta corrente, para nossa saúde física e mental e para a saúde do planeta.
- Conclusão
Por mais que haja dificuldades em gerenciar seu próprio dinheiro, ainda é melhor encarar e superar essas barreiras do que se afundar em dívidas e perder sono, brigar com a família, ficar com ansiedade, depressão, fisicamente doente…
Procure ferramentas de apoio à gestão das finanças pessoais, como aplicativos, planilhas, caderno de anotações (conforme sua preferência) ou pessoas que possam dar apoio nesse processo.