Muitas pessoas já ouviram falar sobre desenvolvimento sustentável e entendem a importância de conservar o meio ambiente. Gostariam de ter um padrão mais sustentável de consumo e contribuir com um futuro melhor para a família, mas nem sempre sabem exatamente o que é isso e como fazer. E também precisam equilibrar suas finanças pessoais. Como conciliar isso? Este texto introdutório trata desse tema. Partindo-se da ideia de desenvolvimento sustentável, apresenta-se um conceito de sustentabilidade de cada indivíduo, que ajuda a refletir sobre o que é preciso considerar no consumo sustentável.
Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1987)
1 – A história de duas pessoas comprando açúcar
Andando pelo supermercado, param em frente à gôndola.
– Este açúcar está com preço bom.
– É orgânico?
– Não tem nada informando.
– Este outro é. Veja.
– Está mais caro.
– Mas é melhor para o meio ambiente e para sua saúde, não é refinado.
– Melhor seria não consumir açúcar…
– Esse valor nem é tão alto. Está dentro do orçamento?
– Se tirar o biscoito da lista de compras, tudo bem.
– Mas é um valor tão baixo…
– Melhor para a saúde não comer biscoito. E com esse valor a mais nas compras, entro no cheque especial. Não vou pagar juros de mais de 130% ao ano!
– Ok, ok. Esse açúcar orgânico tem selo de comércio justo?
– Como? Tem isso também?
– Claro! Não adianta ser melhor para o meio ambiente se não respeitar o direito dos funcionários, usar trabalho análogo à escravidão, explorar fornecedores, empregar crianças…
– Ai, meu Deus! Tem sim um selo de comércio justo.
– Ótimo! Podemos levar este então.
– Que dificuldade para comprar um açúcar. E as compras mal começaram. Já vi que vai dar trabalho…
– Dá mais trabalho reparar danos ambientais, trabalhistas, financeiros e à saúde, não é?
– É… tem razão.
2 – Desenvolvimento sustentável e sustentabilidade pessoal
O conflito das pessoas dessa história está na intenção de conciliar a necessidade de adquirir um produto, equilibrar finanças, cuidar da saúde, a conservação do meio ambiente e o respeito aos seres humanos. Exige reflexão, pesquisa, paciência e conhecimentos sobre sustentabilidade.
2.1 – O que é Desenvolvimento Sustentável?
É aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades (ONU). Ou seja, é importante a busca pelo bem-estar no presente, mas é necessário pensar no bem-estar futuro de todas as pessoas e para isso o meio ambiente (do qual somos dependentes) precisa ser conservado. Em 2015, a ONU também definiu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem alcançados até 2030, com uma abrangência maior de temas, tendo em vista os diversos problemas que a sociedade atual enfrenta.
Ainda nessa abordagem de sustentabilidade, várias empresas estão procurando adotar práticas ESG, termo criado em 2004 pelo Pacto Global – ONU, que engloba preocupações ambientais, sociais e de governança corporativa (em inglês, Environmental, Social, Governance). Outro conceito importante em destaque é o Desenvolvimento Regenerativo, cuja visão parte do princípio que seres humanos são parte integral da natureza e com ela há uma relação mútua de benefícios. Dessa forma, as ações humanas nos ecossistemas devem possibilitar sua regeneração e, ao mesmo tempo, o atendimento às necessidades das pessoas, precisam regenerar os ecossistemas e não apenas diminuir seu impacto.
2.2 – Os pilares da sustentabilidade
Para haver sustentabilidade, é necessário haver:
- Responsabilidade ambiental (conservação do meio ambiente e recursos naturais).
- Justiça social (respeito às pessoas envolvidas direta ou indiretamente nos processos produtivos).
- Viabilidade econômica (custos do processo produtivo precisam ser cobertos pelos ganhos e preços acessíveis aos consumidores).
A Gaia Education aborda quatro dimensões da sustentabilidade:
- Social: equidade social, inclusão, justiça, participação e ação colaborativa.
- Econômica: equidade econômica, importância de economias locais e transição para processos produtivos de baixo impacto e que contribuam com a regeneração dos ecossistemas.
- Ecológica: preservar e regenerar os ecossistemas, fundamentais para a existência de vida humana e não-humana.
- Visão de mundo: cuidar da espiritualidade, da saúde física e mental e compreender que seres humanos são parte integrante da natureza.
2.3 – A sustentabilidade de cada pessoa
A partir dos conceitos acima, procurou-se definir uma abordagem para o indivíduo. Nesse sentido, é proposto que, em seu padrão de consumo e cidadania, cada pessoa considere as seguintes dimensões:
- Meio ambiente: contribuir com a conservação e regeneração dos ecossistemas e seus benefícios (serviços ecossistêmicos), dos quais somos dependentes.
- Sociedade: respeitar os seres humanos e a dignidade das pessoas envolvidas nos processos produtivos.
- Finanças pessoais e Economia: buscar conhecimento e equilíbrio financeiros (procurar não gastar mais do que recebe), evitando dívidas desnecessárias, e contribuir com a melhor distribuição do dinheiro na sociedade.
- Indivíduo: compreender que seres humanos são partes integrantes da natureza e que ela está dentro de cada pessoa (o alimento que se come, a água que se bebe, o ar que se respira). Buscar o bem-estar individual (acesso a bens materiais necessários para uma vida digna, saúde física e mental, segurança, boas relações sociais, liberdade de escolha e ação) sem que isso prejudique o bem-estar das outras pessoas e os ecossistemas.
3- Conclusão
Partindo-se do desenvolvimento sustentável geral, chega-se à sustentabilidade pessoal. O modo como se pensa e se age impacta (positiva ou negativamente) o ambiente e o próprio indivíduo. É importante que cada pessoa considere em seu padrão de consumo e em sua cidadania as dimensões ambiental, social, financeira e individual. Isso implica num padrão de consumo consciente e sustentável. Não significa que alguém tenha que mudar seus hábitos de um dia para o outro. É um processo complexo e por isso é fundamental que se faça o que for possível, procurando melhorias contínuas.
O importante é começar e para isso há algumas ferramentas que podem ajudar em decisões de consumo, como: selos de certificação em produtos que indicam o respeito por questões ambiental e social; empresas que adotam práticas ESG; Índice de Sustentabilidade Empresarial (da Bolsa de Valores); gestão das finanças pessoais, com a compreensão das dificuldades que se tem com o tema, realização de previsão e controle de recebimentos e gastos, além dos cuidados com a saúde individual.